terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Brasil precisa de Lula, pensei. A América Latina precisa de Lula. O mundo precisa de Lula.

Carta ao Lula, por Elvino Bohn Gass
Lula, meu irmão,




Permita-me chamá-lo assim, afinal, estamos juntos há mais de 30 anos, desde a fundação do PT, da CUT, na luta pelas diretas, em todas as tuas campanhas eleitorais, na vitória de 2002, em teus dois governos.



Escrevo-te sob o impacto da notícia de que te diagnosticaram um câncer. Num primeiro momento, confesso, nem pensei em tua saúde, mas na tua importância política. O Brasil precisa de Lula, pensei. A América Latina precisa de Lula. O mundo precisa de Lula.



É, irmão, de sapo barbudo a presidente-operário, tu, que já foste preso pelos milicos, que já foste chamado de analfabeto; tu, o sem-diploma, hoje és doutor honoris causa. Sim, tua trajetória de vida, a forma como fazes política, o jeito como governaste o Brasil, as posturas que adotaste diante dos problemas e dos conflitos mundiais, fizeram de ti um doutor. Um doutor que honra a causa que defendes, a igualdade. E é por isso que o mundo precisa de ti, porque ainda carecemos muito de igualdade.



Pois bem, irmão Lula, só uns instantes depois de pensar em ti como ser político é que pensei em ti como ser humano. No desconforto, nas dores, nos enjôos, nas conseqüências do tratamento que te será imposto. E então, irmão, rezei por tua saúde. E só Deus sabe o quanto tenho visto e ouvido das pessoas que elas também estão ao teu lado neste momento.



Não sei se te deste conta, Lula, mas ontem, 31 de outubro de 2011, fez exatamente um ano que a nossa Dilma elegeu-se a primeira presidenta do Brasil. E todos nós sabemos que foi pelas tuas mãos que ela se tornou candidata. Sim, nós, petistas, confiamos na tua indicação. Porque sabíamos que Dilma, além das qualidades que demonstrara no governo, carregava uma história de coragem e luta que dignificaria a presidência da nossa República. Sim, Lula, nós sabíamos. E por isso nos perfilamos ao teu lado na tentativa correta de mostrar ao povo que ali estava uma mulher em quem se podia confiar. Uma mulher que, como tu, nos daria orgulho. Porque jamais mudaria de lado. Porque conduziria este país com a seriedade que ele necessita. Porque, como tu, fez uma escolha de vida que a colocou sempre ao lado dos oprimidos pela força e pela fome. Hoje, nós temos a certeza de que tu, mais uma vez, estavas certo. Enquanto a crise mundial destroça as nações ricas, o Brasil segue crescendo e distribuindo renda sob a condução magnífica da nossa Dilma.



E então, meu irmão, exatamente no dia em que celebramos um ano da eleição dessa mulher exemplar, tu começas a enfrentar o desafio de vencer uma doença que ainda mata demais no Brasil e no mundo. E eu escrevo esta carta para te dar a certeza de que jamais estarás sozinho nesta que é apenas mais uma das muitas batalhas da tua vida. Vida que nunca foi fácil pra ti, não é mesmo Lula? E a prova é que mesmo depois de teres feito os melhores governos da história do Brasil, ainda há quem viva te criticando. Mas tu, que aprendeste desde cedo a transformar adversidade em garra, a fazer da dificuldade um estímulo, farás de mais este desafio, uma vitória da esperança sobre o medo.



E como sei que o que te anima de verdade é ver os brasileiros mais felizes, quero te dar uma boa nova. O companheiro Alexandre Padilha, hoje nosso ministro da Saúde, criou, na semana passada, a Rede Nacional de Desenvolvimento e Inovação de Fármacos Anticâncer. Pois é, Lula, o Padilha está articulando todos os grandes centros de referência na luta contra o câncer. Assim, chamou o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a Fiocruz, o Laboratório Nacional de Biociências, a Finep e a Fundação Ary Fauzino para trabalharem juntos. No mês passado, já havia acertado uma parceria com o governo cubano para a transferência de tecnologias. É uma iniciativa que faz o Brasil entrar na produção de tratamentos inovadores para o câncer. E isso, irmão Lula, vai facilitar o acesso da população ao que há de mais moderno no enfrentamento da doença. E se te dou esta notícia, justamente nesta hora, é porque sei que emotivo como és, exageradamente humano como és, certamente estás feliz de saber que estamos fazendo o possível para que todos os brasileiros tenham um tratamento digno quando enfrentarem uma doença como a tua.



Tu sabes mais do que ninguém; o Brasil tem feito o possível para melhorar a saúde de seu povo. E sei que sabes, também, o quanto é caro e difícil fazer com que as mudanças nesta área cheguem à população. Afinal, antes de chegar às pessoas, precisamos recuperar um sistema que por anos foi sucateado, corrompido, degradado. Mas estamos caminhando, companheiro.



Bem, meu querido irmão, por aqui vou me despedindo. Antes, porém, quero te falar de uma outra coincidência:ontem foi o Dia D. D, de Drummond, nosso poeta maior. Se estivesse vivo, ele completaria neste 31 de outubro, 109 anos. E foi ele quem disse “tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”. E tu, que és reconhecidamente um dos maiores líderes do mundo, hoje, precisas saber: o sentimento do mundo todo está canalizado para tua pronta e breve recuperação. Saúde, Lula!



Um grande e fraterno abraço do teu irmão



Elvino Bohn Gass

Orgulhosamente, deputado federal gaúcho, do nosso PT.

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