domingo, 27 de fevereiro de 2011

Semelhança é mera coincidência.

borboletas_1914
Elogio da Dialética



A injustiça avança hoje a passo firme


Os tiranos fazem planos para dez mil anos


O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são


Nenhuma voz além da dos que mandam


E em todos os mercados proclama a exploração;


isto é apenas o meu começo


Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem


Aquilo que nòs queremos nunca mais o alcançaremos


Quem ainda está vivo não diga: nunca


O que é seguro não é seguro


As coisas não continuarão a ser como são


Depois de falarem os dominantes


Falarão os dominados


Quem pois ousa dizer: nunca


De quem depende que a opressão prossiga? De nòs


De quem depende que ela acabe? Também de nòs


O que é esmagado que se levante!


O que está perdido, lute!


O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenha


E nunca será: ainda hoje


Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã


Bertold Brecht (1898-1956

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